quarta-feira, 3 de agosto de 2011

O direito de ser mãe

O direito de ser mãe

No dia 01 de agosto de 2011, tive a oportunidade de contatar algumas autoridades brasileiras no intuito de buscar informações para realizar a adoção de uma criança brasileira.
Depois da conversa com a minha mãe no Brasil via skype, resolvi buscar mais informações e os procedimentos legais de uma adoção. Como eu nasci em Osasco, vivi por mais de 35 anos, tenho um endereço fixo na cidade, pensei ser um bom caminho. Procurei o órgão competente na cidade de Osasco, a pessoa que me atendeu foi educada, mas percebi uma deficiência no atendimento, além de não saber sobre os procedimentos legais de uma adocão internacional. Ela fez um comentário nada profissional com uma provável colega de trabalho: “hoje só atendi pepino!”. Mas, não escrevo para reclamar do atendimento. Até porque ela foi bem educada, dizendo que não sabia como resolver e fornecendo o telefone de um orgão estadual denominado: Comissão Estadual Judiciária de Adoção Internacional do Estado de São Paulo - CEJAI, onde obtive a informação que no momento a Alemanha não tem nenhuma instituição que faça a intermediação das adoções brasileiras no país, assim fui orientada a buscar informações num órgão federal denominado: Autoridade Central Administativa Federal – ACAF. Neste orgão fui atendida por atendende bem educado que me encaminhou para o departamento competente, onde obtive as informações dos procedimentos para realização de uma adoção internacional.
Levanto algumas questões para que possamos refletir e se alguém tiver uma resposta que venha ao encontro da vida, que expresse sua opinião.
Eu me casei com 36 anos, mas por conta de diversas questões não engravidei, depois de passar por alguns procedimentos, optamos pela adoção, no entanto, filho é filho seja de sangue ou do coração. Eu penso que cabe a família (no caso meu marido e eu) resolver o que pode ser bom para manutenção da instituição familiar.
Vivo na Alemanha sim, fazem 4 anos, mas eu sou brasileira. Ou porque eu vivo aqui deixei de ser cidadã deste país? Nesta pequena cidade que moro, comparada com a cidade de Osasco ou mesmo com o estado de São Paulo, conheco no mínimo 5 brasileiras, que casadas com alemães estiveram dispostas a adotar uma crianca do Brasil, mas simplesmente desistiram por conta da burocracia e das dificuldades encontradas no processo. Pior é ouvir de outros pais adotantes que o Brasil é o pior país para se adotar uma crianca, tendo em vista a corrupção e a morosidade no processo. Temos o cadastro Nacional de Adoção, mas eu com RG, CPF, habilitação, titulo de eleitor, brasileiros, não posso me cadastrar. Temos tantos aparatos tecnológicos, vídeo conferência, tantas formas eficazes e eficientes para fiscalizar, mas parece que os órgãos de direitos humanos, esquecem de perceber o que realmente é humano.
Fui informada que só posso adotar criancas com mais de 5 anos de idade e/ou crianças com algum tipo de problema. Não quero escolher filho, afinal, se eu engravidar não poderei determinar se um filho será saudável ou não. Se será menino ou menina. Contudo, não estou grávida e gostaria de fazer algo para oferecer a oportunidade de uma vida melhor para uma pessoa, seja ele ou ela. Entretanto, se adotarmos uma crianca com mais de 5 anos, as chances de que desta crianca tenha traumas é muito grande, tendo em vista que estamos falando de uma pais onde não se fala a língua portuguesa. Que tem costumes e comportamentos bem diferentes do Brasil. Penso que uma mudança nesta idade, seria uma violência com uma criança em fase escolar. Que sinceramente, nós não temos condições de assumir. Com certeza há outros possiveis pais que podem fazê-lo. Conheci aqui 2 casais dispostos a assumir, crianças maiores, entretanto, desistiram por conta da burocracia.
No caso de uma crianca com necessidades especiais, já sabendo que ela tem problemas, precisamos ter responsabilidade para assegurar que esta criança terá um ambiente saudável, educação, condições financeiras e psicológicas para cuidar desta crianca, que se encontra sob a responsabilidade do governo, que talvez não esteja realmente preocupado com o bem estar. Não será o governo municipal, estadual ou federal que irá pagar um psicólogo, terapia ocupacional ou qualquer outro tratamento desta criança, mas são os pais adotivos que devem assumir esta responsabilidade, por isso é que cabe a estes pais sim, escolher se eles podem e se propõem tais condições. Adotar uma crianca é um desafio, que exige coragem e responsabilidade.
Muitos pais, colocam inúmeras exigências, nós estamos dispostos a acolher com carinho, entretanto, antes de cria-se obstáculos que exige empatia, vontade e muita disposição.
Nos abrigos do governo as crianças dormem em quartos coletivos, mas é exigido um quarto para criança em caso de adoção. Será que oferecer uma família, um ambiente de amor, para uma criança não seria um valor muito maior?
Entendo que o tráfico de crianças é um fato, que deve ser abolido. Entretanto, há maneiras de fiscalizar. Eu sou brasileira, vivendo na Alemanha, mas tenho parentes e amigos no Brasil. Porque não consultar estas pessoas, por meio de entrevistas. Mas sem criar custos ao governo e tao pouco perda de tempo destas pessoas, indo em fóruns, perdendo dias de trabalho, tempo e dinheiro. É preciso criar mecanismos que possam contribuir para a manutenção e favorecimento da instituição familiar de maneira saudável. Quem quer adotar quer dar, partilhar e ser feliz, não fazendo deste processo algo frustrante e sofrido. Brasil vamos fazer a diferença, utilizando os recursos que temos. Utilizando a internet ao nosso favor. Utilizando meios interativos.
Afinal, agora somos estrangeiros em nosso pais e estrangeiros fora dele também. Por gentileza, não nos tire o direito de ser mãe!
Só queremos amar e dar amor...


Atenciosamente,


Ana Cláudia Brito de Moura König

Um comentário:

Unknown disse...

Olá Ana Claudia, acabei de tirar informacoes em Sao Paulo sobre adocao internacional e a informacao que obtive foi que a Alemanha nao está aceitando mais criancas do Brasil, por causa do "choque cultural",,,Mas moro aqui há 6 anos e meu filho nao ficou com problemas por vir morar aqui e ele tinha na epoca 9 anos,,,Acho que existem "choques" piores na vida de uma crianca comparado com mudancao de país...Mas infelizmente por morar aqui nao posso adotar uma crianca brasileira esse era meu objetivo,,,Abracos e boa sorte para nós...